Já depois
de ter escrito o apontamento anterior, reli um texto que tinha aqui por casa,
de Max Weber ( Três tipos de poder e outros escritos, Lisboa, ed.
Tribuna da História, 2005, p.177) e encontrei uma formulação que me fez pensar.
Textualmente:
"Quem
pretender fazer história da arte, inclusive no sentido puramente empírico, deve
possuir a capacidade de 'compreender ' (sic) a produção artística;
mas tal habilidade é inconcebível sem a capacidade de juízo estético, isto é,
sem a capacidade (sic) de apreciação."
E no
parágrafo seguinte deixa a interrogação:
"(...)
em que sentido se pode falar de 'progresso' (sic) na história da arte, fora (sic) de
toda a apreciação estética?"
De
facto... se eu reflectir no caso, terei de rever a noção de neutralidade que
seria desejável no historiador de arte. Continuo a pensar que ela é desejável,
mas dentro de que limites? Porque, de facto, há limites: o historiador está
dentro da História dos homens, sendo ele um homem e não um marciano. Tem uma
formação académica - ou outra... - e uma formatação ideológica que será tanto
mais de ter em conta quanto dela não tenha consciência.
A escolha
do campo de observação para o seu estudo já parte de um juízo de valor: vou
estudar isto e não aquilo, porque... Então, a garantia de seriedade científica
do seu estudo deve radicar na clareza com que explica a escolha/problema,
no enunciado das metodologias adoptadas e na referência ao seu ponto
de vista.
"Na
verdade, se todas as formações científicas concretas são formações
teórico-ideológicas, as ciências sociais caracterizam-se pela dominação do
ideológico." (cf. João F. Almeida e José Madureira Pinto, A
investigação nas ciências sociais, Lisboa, ed. Presença, 1976, p.29)
Actualmente,
este tipo de avisos à navegação parece-nos datado. Contudo, não defendo a sua
inutilidade, como acima deixei implícito.
Estas
considerações talvez sejam óbvias mas só as vemos como tal depois de
reflectirmos sobre elas..
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