FIGURAS E
ESPAÇOS MARCANTES
DA HISTÓRIA DA
ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA PORTUGUESA
Breve síntese
Na impossibilidade de
resumir exaustivamente a já longa e rica História da Arqueologia Portuguesa, optei
por organizar os meus apontamentos em três capítulos: Figuras, Espaços
Arqueológicos e Espaços
Institucionais.
FIGURAS
(Ressalta
uma característica geral: são da área da Geologia)
Carlos
Ribeiro: juntamente com Pereira da Costa e Nery Delgado, é
uma das figuras marcantes da Segunda Comissão Geológica (1857). Principais trabalhos
de prospecção e escavação: 1863, Concheiros de Muge; 1870: tese do Homem
Terciário Português, a partir de estratos geológicos da região da Ota
(Alenquer), num dos mais fecundos problemas científicos da nossa arqueologia,
retomado por Nery Delgado e resolvido no séc. XX por Henri Breuil e Georges
Zbyszewski; 1878: povoado pré-histórico de Leceia (Oeiras); catalisador da
realização em Lisboa do IX Congresso Internacional de Arq. e Antrop. Pré-Hist,
em 1880.
Nery
Delgado: Gruta da Casa da Moura (Óbidos,1865) e Gruta da
Furninha (Peniche, 1880): é pioneiro nas práticas científicas do uso da
quadrícula no espaço escavado, definição de níveis estratigráficos das jazidas
e sistematização tipológica dos materiais.
Pereira
da Costa: primeiros estudos do Neolítico em Portugal em
“Descrição de alguns dolmens ou antas em Portugal” (1868).
Estácio
da Veiga: o primeiro arqueólogo profissional em Portugal,
deixa uma obra monumental em 4 vols: “Antiguidades Monumentais do Algarve”.
J.
Leite de Vasconcelos: 1º Director do Museu Ethnológico
Português (1893); promotor de recolha nacional de vestígios do homem antigo em
Portugal; fundador da importante revista “O Archeólogo Portuguez”; autor do
livro seminal “Religiões da Lusitânia”.
Mendes
Correia: dinamizador da Sociedade Portuguesa de
Antropologia e Etnologia; novas investigações nos Concheiros de Muge; lança a
hipótese da vinda de populações do Norte de África para a P. Ibérica, que
estariam na origem do Homo Faber Taganus.
Manuel
Heleno: sucessor de L. de Vasconcelos no Museu
Ethnológico; estudos do megalitismo português, de que provou a originalidade
cultural; estabelecimento da sequência contínua do Paleolítico Superior;
revista Ethnos; intenso labor arqueológico.
Abel
Viana: colabora intensamente com Octávio da Veiga
Ferreira; esforçado e auto-didacta, evidencia-se em múltiplos trabalhos de que
se destacam os realizados em Ourique (necrópole de Atalaia e Castro da Srª da
Cola).
G.
Zbyszewski, (com H.
Breuil em 1941 e 42): protagoniza o ressurgimento da Comissão Geológica de
Portugal. Dá importante impulso ao estudo do Paleolítico e sua relação com a
Geologia do Quaternário. Estudo das Praias Quaternárias da Estremadura
portuguesa e terraços fluviais do médio e baixo Tejo.
O.
Veiga Ferreira: um dos que mais marcou o séc. XX da
arqueologia portuguesa. Notável labor em muitas áreas e épocas, destacam-se:
estudos do Paleolítico Inferior e Médio; necrópoles megalíticas das Caldas de
Monchique; os tholos do Baixo Alentejo, que explora, permitem-lhe sustentar
internacionalmente a teoria da progressão de sul para norte dos prospectores e
metalurgistas do cobre e estabelecer a autonomia conceptual da Idade do Cobre;
prossegue a exploração dos Concheiros de Muge (de 1952 a 66). Primeiro
doutorado num tema da Pré-História com o já clássico “La Culture du Vase
Campaniforme au Portugal (Sorbonne, 1965).
Casal
alemão Leisner (Vera e Georg): levantamentos
geológicos e notáveis estudos do megalitismo português.
Fernando
Almeida e Farinha dos Santos: docentes
contemporâneos na década de 60 na Fac. Letras de Lisboa, privilegiaram o
contacto directo com os sítios e os materiais arqueológicos. O primeiro,
sucessor de M. Heleno no Museu de Belém, evidenciou o período visigótico; o
segundo, regendo a disciplina inovadora da Pré-História, suscitou seguidores,
além da notável investigação da Gruta do Escoural.