quarta-feira, 5 de março de 2014

AZULEJARIA PORTUGUESA - SÉC. XVIII




O mundo da azulejaria portuguesa do séc. XVIII é, de facto, um espaço magnífico de criatividade e de altíssimo nível artístico. Os manuais ajudam-nos a entender a sua evolução: no primeiro quartel do século, o chamado Ciclo dos Mestres, de que Gabriel del Barco foi precursor, e em que pontificaram António Pereira, Manuel dos Santos, António de Oliveira Bernardes, seu filho Policarpo de O.B. e o mestre monogramista P.M.P.; a seguir, o período denominado de “grande produção joanina” com nomes como Teotónio dos Santos, Bartolomeu Antunes e Nicolau de Freitas.[1]

Sem intuitos bairristas, chamo a atenção para o mestre P.M.P. que tem, no concelho de Torres Vedras, algumas das suas mais belas obras. Na capela-mor da igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em Matacães, há seis painéis alusivos à infância de Cristo que levaram Santos Simões a escrever: «Esta figuração, de uma beleza extraordinária, é das mais características do grande pintor P.M.P., de cerca de 1725-30.[2]

Outras obras: na Capela de Santa Iria, da Mugideira; capela de Nossa Senhora da Pena, da Serra da Vila; e no Hospital José Maria Antunes, antigo convento de Nª Srª dos Anjos.
No entanto, a mais importante situa-se no Convento de Nossa Senhora da Graça. Aqui encontramos, na sala da Portaria, oito painéis representando passos da vida de S. Gonçalo de Lagos – que foi prior deste convento; na antessacristia e sacristia, painéis que cobrem a totalidade das paredes, com cenas de santos ligados à Ordem dos Agostinhos – que habitou este convento entre os séc. XVI e XIX; enfim, no claustro, oito painéis representando cenas da vida de D. Frei Aleixo de Menezes, que foi prior deste convento e, mais tarde, Bispo de Goa. Vitor Serrão referiu-se a esta grande obra como «o vasto e notável ciclo do Convento da Graça de Torres Vedras.»[3]

José Meco, ao caracterizar o estilo do Mestre P.M.P., fala em arte “ingénua e decorativista”[4].
A ilustrar esta caracterização, não resisto a incluir um pormenor de um dos painéis do claustro, que junto em anexo, foto minha. 
Boa noite a todos 
J. Moedas Duarte

[1] PEREIRA, Fernando António Baptista – História da Arte Portuguesa, época moderna (1500-1800). Lisboa: Universidade Aberta, 1ª ed, 2ª impr, 1999.
SERRÃO, Vítor – História da Arte em Portugal, o Barroco. Lisboa: 1ª ed, Editorial Presença, 2003.
[2] SIMÕES, J.M. Santos – Azulejaria em Portugal no século XVIII. Edição revista e actualizada. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010, p. 411.
[3] SERRÂO, Vitor – idem, p. 222.
[4] Citado por PEREIRA, Fernando António Baptista, idem, p. 182.







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