Uma das características do gosto barroco é a
exuberância visual e o movimento. As imagens, pintadas ou esculpidas, são, por
natureza, estáticas mas os artistas da época especializaram-se nas técnicas de
lhes conferir movimento. As composições são regidas por linhas curvas, em jogos
geométricos rigorosos, em pontos e contrapontos, linhas de fuga que quase
chegam ao delírio formal. As expressões faciais, os gestos, a celebração do
corpo desnudo, os contrastes claro-escuro, as cores violentas, - tudo isso
arrasta o espectador para a contemplação imediata e a adesão
indiscutível.
Não se pense, porém, que estamos num mundo comandado pelo
irracional. Estes artifícios artísticos baseiam-se em estudos rigorosos - daí a
proliferação de tratados artísticos - numa época que deu
grande importância às descobertas científicas. Esta arte está, racionalmente,
ao serviço do Poder, é alimentada pelo mecenato senhorial - rei, grande
aristocracia e alto clero - e exerce o seu domínio através do fascínio dos efeitos
sobre os sentidos. A hierarquia imposta a esta sociedade ancien régime apoia-se
no vértice da pirâmide - o lugar onde está Deus - esse lugar indiscutível a
partir do qual todos os poderes terrenos se justificam. É o grande teatro do
mundo!
A cenografia é, afinal, o pano de fundo
deste espectáculo, o lugar visualmente organizado para dar coerência aos
elementos que o compõem.
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