Aproveitei hoje uma deslocação de trabalho para visitar o
complexo museológico da Fábrica da Pólvora em Barcarena (Oeiras). A visita foi
suscitada pelos estudos e trabalhos que temos feito e lido sobre a questão do
Património Industrial. A impressão que colhi – vigorosa confirmação pela
positiva do que já lera sobre aquele espaço – coincide com as apreciações que
todos os colegas fazem acerca da importância desta área de Património.
De facto, é uma área em crescente afirmação. De norte a sul
do país, no interior mas sobretudo no litoral, com incidência maior nos
distritos de Lisboa, Porto e Aveiro, multiplicam-se os museus temáticos
relacionados com a produção de materiais, de energia, de bens e de alimentos.
Em comum, o facto de todos eles celebrarem o trabalho humano. Muitos exaltam a
dureza do quotidiano operário, as más condições laborais, o espírito de
sacrifício do trabalhador face à necessidade de garantir a subsistência própria
e a dos seus. Outros esmeram-se em mostrar a diversidade dos procedimentos
produtivos e a evolução que tiveram ao longo da história daquele espaço
industrial. Uns e outros são indispensáveis para a compreensão da História
humana.
Alguns dos trabalhos abordam estes aspectos, em sintonia com
a Carta de Nizhny ( Cap. Valores do Património Industrial, ii) que se refere ao
património industrial como «…um valor
social como parte do registo de vida dos homens e mulheres comuns…».
De salientar que aquele é um documento que reputo de muito
importante – juntamente com os “princípios de Dublin” – pois afirma a
especificidade e actualidade de uma área decisiva para a preservação da memória
das comunidades humanas – mas poucas vezes foi referido nos nossos trabalhos.
Contudo, parece-me indiscutível que, apesar das limitações
de espaço e da exiguidade de bibliografia facilmente consultável, todos os
trabalhos reflectem a consciencialização dos autores sobre esta mais recente
área de preservação do Património Cultural.
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