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É um conjunto de sete painéis historiados de azulejo do séc. XVIII, do
Claustro do Convento de Nossa Senhora da Graça em Torres Vedras, relativos à
vida de D. Frei Aleixo de Meneses (1559-1617) que foi Prior deste convento nos
anos de 1588 a 1590.
Faz parte de um conjunto
mais vasto de painéis historiados que se encontram em várias dependências deste
edifício religioso: Portaria, com cenas alusivas à vida de S. Gonçalo;
Ante-sacristia e Sacristia com episódios da vida de figuras veneráveis da Ordem
de Santo Agostinho.
Estudado por Santos
Simões e José Meco, este conjunto é, talvez, o mais significativo da
iconografia agostiniana em Portugal.
A estrutura dos painéis é idêntica, diferindo na
largura, de modo a adaptarem-se às dimensões das paredes e dos vãos que as
interrompem. Em azulejos vitrificados em azul sobre branco, cenas figuradas,
com grande riqueza de pormenores: paisagens campestres e urbanas, marinha com
profusão de naus, caravelas e pequenos barcos; interiores em perspectiva, com
pormenores arquitectónicos; grupos de figuras humanas em cenas da vida
quotidiana, no campo ou em lugares urbanos, em movimentação cerimonial ou como
assistentes de cerimónias protocolares ou religiosas, com grande realismo no
tratamento dos panejamentos e das expressões faciais.
Estas cenas estão
contidas em guarnições que as emolduram, constituídas por festões, frisos
fitomórficos, volutas, putis e outros ornatos. Em destaque central, duas
composições, uma superior e outra inferior, em que se articulam legendas
inscritas em cartelas, que explicam o conteúdo das cenas e que são suportadas
por grupos escultóricos de ornatos com anjos segurando sanefas. As do ponto
superior têm um emblema com as insígnias da Ordem de Santo Agostinho - coração
em chamas trespassado por uma seta e um livro aberto – encimadas pela águia
bicéfala e a mitra episcopal. Cada extremidade dos painéis é rematada com o
desenho de um balaústre e um pote pontiagudo em cima, e pequenos anjos
segurando festões.
A autoria é atribuída ao Mestre P.M.P. por Santos Simões e
corroborada por José Meco. Fundamentação: a uniformidade das composições dos
diversos conjuntos do edifício – Portaria, Ante-sacristia, Sacristia e Claustro
– bem como o desenho das figuras, o tipo de decorativismo e outras características
estudadas por José Meco em relação ao desconhecido que assinava com as três
letras, permitem concluir que se trata de uma encomenda única para os espaços
referidos. Incluída no chamado Ciclo dos Grandes Mestres - entre 1700 e 1730.
Pormenores:
Fotos: Joaquim Moedas Duarte
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BIBLIOGRAFIA
MECO, José
O azulejo em Portugal, Lisboa, Edições Alfa S.A., 1989
Azulejaria portuguesa, Col. Património Português, 3ª ed., Lisboa, Bertrand editora, 1989
SIMÕES. J. M. dos Santos
Azulejaria em Portugal no século XVIII. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Edição revista e actualizada, 2010
Boa tarde Joaquim,
ResponderExcluirdesde já a continuação de um excelente trabalho!
Resido no concelho de Torres Vedras e estou a concluir a licenciatura em História da Arte. No âmbito de uma unidade curricular de Artes Decorativas estou a ponderar realizar um trabalho de investigação acerca destes painéis. Importava-se de me indicar em que obras foram estudados os painéis pelos autores mencionados? Muito obrigado
Boa tarde
ResponderExcluirSó agora vi a sua questão. A resposta já vai tarde, desculpe.
Recordo que os autores referidos na bibliografia são investigadores e os seus trabalhos são a nossa principal fonte de estudo porque eles produziram conhecimento através da observação directa das obras.
Ter-se-ão baseado em estudos de outros autores e isso só poderemos ver na leitura das suas obras. Estas estão acessíveis nas bibliotecas públicas: Nacional, Gulbenkian, Galveias...As Universidades também as têm.
Bom trabalho!